SUTILEZAS DO AMOR
POR ARMANDO SÉRGIO
Os olhares se cruzaram, as batidas do
coração atropelaram o compasso, os hormônios aqueceram os corpos e o ritual de
conquista terminou com o início do namoro que é um período para os dois se
conhecerem: hábitos, defeitos, qualidades, preferências, temperamento,
personalidade, compatibilidade sexual. Entre beijos e amassos o casal vai se enamorando
ou, às vezes, não dá certo.
É importante
fazer uma distinção entre gostar e amar. Eu gosto da laranja porque ela me satisfaz.
Quando vira bagaço jogo-a no lixo. Amar já é um sentimento onde a minha
felicidade é a felicidade do meu parceiro.
No gostar penso na minha satisfação,
enquanto que no amar o que importa é fazer o outro feliz. Só quem ama é capaz
de sacrificar-se pelo outro. E o amor exige sacrifícios. Compreender o outro,
abrir mão de princípios, mudança de comportamentos.
Quando o namoro fica só no
gostar o tempo se encarrega de desfazer o encantamento do primeiro encontro e
não dá para encarar um casamento.
Durante o namoro ou noivado quando os dois
brigam, vai cada um para sua casa e o Dr. Travesseiro se encarrega de esfriar
os ânimos. Ao acordarem bate um mistura de saudade e medo de que tudo tenha
terminado. Ao fazer as pazes parece que o amor fica mais gostoso. Enquanto que no
casamento é sofá nele e não tem Dr. Travesseiro porque acabam se esbarrando no
corredor ainda com os nervos à flor da pele.
Quando se amam os desentendimentos
funcionam como o tempero do amor. É o confronto das diferenças. E se o amor é
maduro são momentos para os dois avaliarem o relacionamento. O importante é o
respeito mútuo e a atitude de compreensão e perdão diante do erro do outro.
Casamento supõe renúncias, saber ceder, caminharem juntos enfrentando as
tormentas e curtindo os momentos felizes. Se um apenas cede para manter a paz vira
exploração e o amor acaba.
Daí o amor neurótico onde o outro é apenas um objeto
para minha satisfação pessoal. É sempre importante frisar que namoro e noivado
são períodos importantes para o casal se conhecer e tomar a decisão de viverem
juntos e construírem uma família.
Tive um amigo que dizia que o amor é como
uma bicicleta. Se você parar de pedalar ela cai. Da mesma forma o casal não
deve permitir que a rotina tome conta da vida a dois. Com o passar dos anos os
dois tornam-se “cúmplices”: um advinha os pensamentos e os desejos do outro.
Jacques Maritain, filósofo francês, e sua
esposa Raissa resolveram testar a importância da vida sexual no casamento.
Decidiram ficar um ano sem fazer sexo. Com cinco meses estavam tensos e os
desentendimentos eram constantes. Ao voltarem atrás a harmonia tomou conta da
vida do casal.